
Pouca coisa é mais cafona do que a pretensão do cosmopolitismo. Em arte essa pretensão só acaba bem quando fica em algum lugar entre o kitsch e o ingênuo… dois limites por si já não muito desejáveis. Fernando Haddad, o atual prefeito de São Paulo, é um pretenso cosmopolita, e como muitos outros, inconsciente de sua cafonice.
Pois o que, senão a cafonice da correção política, o faria advogar pela grafitagem do patrimônio arquitetônico da cidade? A despeito das questões meramente técnicas do trato da coisa pública, muito bem resumidas na ótima crítica de Rogério Gentile, há a questão estética. Mesmo assim, Haddad não perdeu a oportunidade mais uma vez de posar de moderninho, chamando os críticos de sua intervenção nos Arcos do Jânio, no Bexiga, de “conservadores”. E aí vê-se, mais do que em qualquer lugar, como Haddad é um pseudo-intelectual.
Quando falamos de “grafite” falamos de um suporte. E não existe suporte de vanguarda ou suporte conservador: vanguardista ou conservador é a linguagem, a expressão do qual o suporte é o meio. Nada menos rotineiro que as invenções de Basquiat, nada mais mainstream na arte brasileira que as coisas maravihosas de “Os Gêmeos” – aliás, que se registre, não há qualquer paradoxo, sequer aparente, aqui: nem tudo que é mainstream é ruim, e nem tudo que é inovador é bom.
Fernando Haddad, ao registrar em pleno ano da graça de 2015 que só não gosta de grafite quem é careta, mostra a caretice – o que seria mais careta que estar desinformado, ser arrogante, pretensioso e preconceituoso? -, a caretice, ia dizendo, que encarna.

por Leandro Oliveira
[…] Há muito tempo escrevi no blog sobre a confusão um pouco pedestre sobre meio e mensagem no caso dos grafites e o governo Haddad. […]