Ontem foi publicada oficialmente a mensagem de despedida do guia “Agenda Viva Música”, que por cerca de treze anos contribuiu para o serviço de informação da produção clássica carioca. A mais que valente Heloísa Fischer fez o que pode, mas a realidade se impôs: impossível gerir uma agenda mensal com a falta de planejamento dos gestores que – atenção! – a cada número vem se tornando maior. Em sua mensagem de despedida, Heloísa diz:
A premissa de qualquer roteiro de programação cultural – seja música, teatro ou cinema; seja em meio impresso ou on-line – é dispor sempre dos dados corretos para então orientar o público interessado. Quando ajustes de datas e preços, trocas de artistas ou repertórios e cancelamentos de última hora tornam-se corriqueiros, eles simplesmente inviabilizam este trabalho.
Impressiona que mais de dez anos após o projeto da Osesp, que pretendia, isso dito deliberadamente por John Neschling, finalmente mudar os termos de profissionalização da música no país, vejamos que o quadro não apenas não se alterou mas ainda vem piorando; e isso, mesmo numa grande cidade como o Rio de Janeiro. São Paulo, com sua excelente sala de concertos, a programação dos Theatro Municipal e Theatro São Pedro, além das sociedades promotoras (Cultura Artística e Mozarteum), segue sendo um bastião singular nos termos de produção e consumo da música clássica nacional. No Rio, infelizmente, a OSB não mostrou o mesmo papel galvanizador. Resta torcer para que a reinauguração da Sala Cecília Meireles não infrinja no erro, o resistente dilema da falta de cultura administrativa.
Lindo Rio, pobre Rio…
por Leandro Oliveira